Histórias contadas pelos nossos avós…

Iluminação

Noutros tempos assim que caía a noite nas aldeias da freguesia de Gondesende ficava tudo escuro. Nesses tempos a luz elétrica era uma miragem para as gentes de Portela, Gondesende e Oleiros.
Em certas noites a claridade da lua dava um precioso auxílio a quem tinha de se aventurar a andar pelas ruas e caminhos. Havia noites escuras como o breu, onde quase nada se via. Nessas noites, as pessoas quando saíam de casa, alumiavam-se com recurso a um lampião (lamparina).

Durante a noite para irmos a qualquer lado levávamos o lampião. Mas aquilo quase de nada servia, iluminava muito pouquinho.Emília Pires, 88 anos - Portela

Havia vezes em que as pessoas recorriam aos fachucos para se alumiarem durante a noite. O fachuco era um feixe de palha bem apertado. Artesanalmente faziam um molho de palha que atavam depois de muito bem dobrada. Botavam lume ao fachuco e levavam-no na mão para se iluminarem.

A iluminação das casas era feita com recurso a candeias de petróleo ou de azeite. Quando anoitecia quase tudo era feito à luz das candeias: preparavam a comida, comiam à mesa, lavavam a loiça, fiavam o linho, faziam a meia, contavam histórias pela noite dentro, …

Candeias

Candeias

Havia os candeeiros de azeite que eram usados nos velórios. No espaço onde o corpo era velado colocavam candeeiros de azeite por cima de uma mesa. Os candeeiros eram acesos quando o corpo do morto era colocado no espaço e só eram apagados depois do defunto sair para a igreja.

Lâmpada do Santíssimo

Na igreja de Gondesende era frequente ver a lâmpada do Santíssimo acesa junto do sacrário, iluminando o coração dos crentes. As gentes de Portela, Gondesende e Oleiros ofereciam azeite para pagar promessas.
O azeite das promessas era usado para arder na lâmpada do Santíssimo utilizando o pavio extraído da borragem. O azeite era colocado na lâmpada do Santíssimo e por cima metiam um pavio natural da planta erva-dos-pavios, erva-das-lamparinas, marroio-negro ou balota (nome científico Ballota nigra). Quando acesa, a erva-do-pavio dava uma luz ténue e duradoira.

“Antigamente só em Gondesende é que havia a lâmpada do Santíssimo. Em Portela e em Oleiros não havia. Cheguei a ir a Gondesende oferecer o azeite ao Santíssimo. Só recentemente e que foi pedido ao padre para arranjar uma lâmpada do Santíssimo aqui para Portela.” Emília Pires, 88 anos - Portela

“Faziam o pavio com a flor pequenina de uma planta que punham por cima do azeite” Maria Assunção Gonçalves, 81 anos - Portela

“A planta tinha umas flores que dávamos o nome de lamparinas. Metiam uma flor a arder no azeite da lâmpada do Santíssimo.” Emília Pires, 88 anos - Portela

Planta dos pavios

Planta dos pavios

Planta dos pavios

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