Na freguesia de Gondesende a área ocupada de castanheiros nos últimos anos aumentou, o que resultou de um aumento da procura para exportação e da valorização das castanhas. A rainha destas terras é, sem dúvida, a castanha, valorizando a economia local. No entanto, não há muito tempo atrás, a castanha não tinha valor comercial e, além de ser usada para consumo próprio, engordava porcos e galinhas.
“Passávamos serões a descascar castanhas para dar de comer aos porcos.” Hermínio Tomé, 75 anos, Portela
Em Portela há um castanheiro bastante antigo que foi classificado como árvore notável que constitui uma referência geográfica e faz parte da memória da população. É um castanheiro bravo, localizado em terrenos do povo (comunitários). Em Gondesende existem castanheiros comunitários. As castanhas destes castanheiros são apanhadas pelo povo da aldeia e o dinheiro feito com a venda das mesmas reverte para os santos.
O rebusco é um costume que consiste na apanha da castanha que os proprietários deixam “perdidas” nos terrenos. Só quando os proprietários concluem a apanha da castanha é que as pessoas começam no rebusco.
Castanhas piladas são castanhas que se colocam a secar no fumeiro. Colocavam as castanhas com casca nos caniços (estruturas de varas ou ripas), que ficavam pendurados nas lareiras, deixando passar o fumo e o calor para secar as castanhas. Um costume que já caiu em desuso.
“Ficavam muito docinhas.” Maria Adelina, 79 anos, Portela
No dia de São Martinho é tradição comer-se castanhas assadas acompanhadas com jeropiga. Testemunhos dos convívios desta época são mais que muitos, histórias, amizades e sorrisos partilhados à volta de um assador, num magusto ou no conforto de uma lareira. As castanhas depois de assadas são abafadas com um pano ou uma camisola velha de lã e então desbulhadas. São os bilhós.
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