Esta coroa de Imporém
Feita de juncos meirinhos
Ao senhor la puseram
Com 72 espinhos
Por ele o arrastaram
Por carreiros e maus caminhos
Quem parou o senhor a olhar
Muito terá que contar
Face rasgadas
seus ossos desconjuntados
tirar o coração ao Lázaro
o coração de inocente
quem esta oração disser
um ano inteiramente
o senhor lhe aparecerá
3 dias antes da morte
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Confessa-te ao cristão
Confessa-te ao pescador
Tua sentença está lida
Diante de nós senhor
Em louvor da Virgem Maria
Um Pai Nosso e uma Ave-Maria
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Justo Juízo divinal
Filho da virgem Maria
Em Belém foste nascido
Em Nazaré crucificado
Ante toda a judaria
Paz teque, Paz teque, Paz teque
Disse Deus aos seus discípulos
Se vierem os meus inimigos
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Para me prender ou matar
O sangue do meu corpo tirar
Que tenham olhos e não me vejam
tenham boca e não me falem
Tenham braços e não me ofendam
Tenham pernas e não me alcancem
Com o leite da Vigem Maria serei barrufado
Com o sague de Jesus Cristo purificado
Com a capa de Abrão capeado
Meus Deus peço que me does
A doce companhia
Que deste à virgem Maria
Quando foi de Belém para Jerusalém
Nossa senhora me acompanhe
Seja comigo Amém
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Quatro esquinas tem a cama
Quatro velas estão a arder
Quatro anjos me acompanham
Se nesta noite morrer
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Nesta cama me deitei
Para dormir e descansar
Se vier a morte para me levar
Agarro-me aos cravos
Abraço-me à luz
Entrego a minha alma ao menino Jesus
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Oh Meus Senhor Jesus Cristo
Senhor do meu coração
Há tanto há que não me confesso
Nem recebi comunhão
Os pecados que sabia
Não os disse ao confessar
Mas digo-vos a vós Senhor
Vós bem sabeis quantos são
Perdoai-nos, deita-nos à absolvição
Dai-me neste mundo a graça
E no outro a salvação
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Lá se vai Nossa Senhora
Na sua linda paixão
Nasceste ao seu filho
No seu lindo semeão
Subiu aqueles altos céus
Aqueles que bem altos são
Desceu aqueles infernos
Aqueles que bem fundos são
Para tirar uma alma
Da boca daquele dragão
Botou-a lá por cima
Lá por cima de S. João
Está um monumento armado
No meio daquele monumento
Está um cordeirinho sagrado
Está preso de pés e mãos
E aberto de um lado
O sangue que dele cair
Cai num cálice sagrado
O cristão que o beber
Será bem aventurado
Neste mundo serei rei
E no outro rei coroado
Quem o sabe não o diz
Quem o ouve não aprende
Lá vira um dia de juízo
Que ainda se arrepende
Adelaide Gonçalves, 82 anos, Portela
Senhor do horto,
Senhor do conforto
Foste vivo, foste morto
Perdoaste a vossa morte
tão cruel e tão forte
Perdoa os meus pecados
Os esquecidos e os lembrados
E os que nunca foram confessados
Perdoa a mim senhor
Porque sois o rei da verdade
Na hora da minha morte
De mim tende piedade
Hermínio Tomé, 75 anos, Portela
Santa Liberata
Da morte bem me lembro
Deus nos livre dos inimigos
Grandes e pequenos
Batizados e por batizar
E também do Maioral
Hermínio Tomé, 75 anos, Portela
A oração (os cinco sentidos)
Primeiro é ber
Segundo oubir
Terceiro cheirar
Quarto gostar
Quinto apalpar
O que é ber?
Os pecados que cometemos
Para os ir confessar
A um confessor que escolhermos
O que é ouvir?
A missa com atenção
Estar a ela com atento
E fugir da murmuração
O que é cheirar?
Os falsos gostos da vida
Para os ir gozar à glória
Que Deus nos tem prometida
O que é gostar?
Do santíssimo sacramento
E recebê-lo com devoção e atento
O que é apalpar?
O corpo com abstinência
Abri-lo com cilícios
E apertá-lo com penitência
Mariana de Jesus
(90 anos em 10-08-2009)
A oração era ensinada aos garotos de Gondesense, na doutrina, ministrada pelo tio quatro.
Além de ensinar os garotos também rezava a via-sacra.
Este não tinha o olho esquerdo e metade do nariz, porque tinham sido comidos por um porco, no berço, quando era bebé.
(recolha feita pelo Rogério e pela Luisa) |