Quando morria alguém, a primeira pessoa que soubesse ia tocar o sino da igreja (3 badaladas para homem, 2 badaladas para mulher) para avisar o povo do falecimento.
O povo da aldeia ouvia o sino e ia aparecendo, juntando-se no largo da igreja. Como não havia telefones nem internet, os mensageiros iam a pé informar as aldeias vizinhas e os padres do falecimento. Uma pessoa ficava responsável por dar baixa do morto no registo civil.
Como a maioria das pessoas eram pobres e não havia dinheiro, faziam a urna com tábuas. Havia sempre alguém que tinha tábuas guardadas em casa. Na aldeia de Portela as pessoas ajudavam-se umas às outras. Os mais habilidosos para as artes de carpintaria faziam a urna, ficando a parte superior aberta.
Após a construção, os familiares do morto colocavam um lençol a forrar a urna.
“No meu tempo já havia urnas. Não havia era dinheiro para as comprar. A maior parte das pessoas eram pobres e não tinham dinheiro. Então, o que haviam de fazer? O mais habilidoso ou o carpinteiro fazia a urna. Quem tinha madeiras dava-as. Para fazer a urna eram precisas, pelo menos, 4 tábuas.” Manuel Afonso, 74 anos - Portela.
Não havia casa mortuária. O morto só ia para a igreja na hora da missa, até lá ficava em casa. Havia sempre um espaço para colocar o morto. Caso fosse necessário, deslocavam-se os móveis para os familiares e amigos velarem o morto. Com toalhas e lençóis brancos feitos nos teares, que os mais pobres pediam emprestadas, davam um ar mais acolhedor ao espaço. Por cima das toalhas e lençóis colocavam um xaile preto para representar o luto.
“Por vezes emprestava-se roupa para vestir o morto”, Maria Assunção Gonçalves, 81 anos - Portela.
Durante a noite o espaço era iluminado pelos candeeiros de azeite ou por uma simples taça com água e azeite onde o pavio ia ardendo lentamente.
Durante a noite as pessoas da aldeia reuniam-se na casa onde estava o morto e rezavam o terço, a que chamavam “rezar a coroa”.
“À noite íamos rezar a coroa à porta do morto. Juntava-se a aldeia inteira à porta ou dentro da casa onde estava o morto e rezávamos”, Maria Assunção Gonçalves, 81 anos - Portela.
Há hora da missa o corpo era deslocado para a igreja. A missa e o funeral eram sempre celebrados em latim. Se fosse uma família pobre a missa e o funeral só contavam com a presença de um ou dois padres. No caso de ser uma família com posses vinham vários padres. Chegava a haver funerais em que participavam 8 padres.
As mulheres, quando iam a um funeral, levavam sempre um xaile preto com franjas e um lenço na cabeça.
Quando morria alguém chegado, como o marido/mulher ou o filho/filha, o luto ficava para o resto da vida.
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