Ciclo do Linho
O ciclo do linho passa pelas seguintes fases:
1 - Preparado o terreno, semeado o linho, regado e mondado, está pronto para ser arrancado. O linho era semeado em Março/Abril e colhido em Julho, arrancado inteiro com as mãos.
“Era preciso compor muito bem a terra, tirar todas as pedras porque as sementes do linho eram muito pequenas. Se a linhaça ficasse muito junta, ficava mais fininha e trabalhava-se melhor, se ficasse rara a semente saía mais grossa. “Emília Pires, 88 anos, Portela
2 - O linho era ripado. Sacudia-se o linho para separar os caules das sementes. As sementes eram guardadas para semear no ano seguinte.
3 - Com o linho faziam-se molhos para curtimento. Os molhos eram colocados no rio Baceiro e deixados de molho uma semana ou quinze dias para curar. Seguravam-se os molhos com pedras grandes para não fugirem com as correntes do rio.
rio Baceiro
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rio Baceiro
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“O meu homem tem uma unha defeituosa de desviar uma pedra que acabou por lhe cair no pé. “Emília Pires, 88 anos, Portela
4 - Os molhos eram retirados do rio Baceiro e colocados a secar ao sol. O linho estendia-se nas pedras, nos amieiros. Passados dois ou três dias ia-se buscar.
5 - Os homens da aldeia juntavam-se e maçavam o linho. O linho ia para os maçadoiros, que são grandes pedras onde o linho era maçado. Colocava-se o linho nas pedras e depois era batido com um pau de madeira para ficar mole/macio, quebrando a parte lenhosa.
Maçadeiro à porta do palheiro dos Figueiredos - Gondesende
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6 - Depois de maçado, as mulheres juntavam-se para espadar o linho. O linho era espadado em cima de um cortiço. Esta fase consistia em limpar e purificar o linho. Eram retiradas as partes grosseiras, lenhosas e partidas do linho. Limpas as arestas. O linho tinha de estar bem seco para se tirar o tasco grosso.
“Se os rapazes soubessem, apareciam e faziam fogo aos tascos. Nós íamos apagar com um pau e atiçávamos ainda mais o fogo.” Emília Pires, 88 anos, Portela
Espadelas
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Decoração espadelas
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7- O linho era passado pelo sedeiro. Uma “escova” com dentes de aço, que separava o linho da estopa. A estopa caía ao chão e o linho ficava no sedeiro. O linho é uma fibra fina. A estopa é mais escura, grossa e de menor qualidade. Com o linho faziam-se coisas mais delicadas e finas, a estopa servia para confecionar coisas mais grosseiras como panos, lençóis, colchões. A estopinha é a estopa mais fina.
Sedeiro
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Linho
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8 - O linho era fiado nas rocas e fusos pelas mulheres, transformando-se em fios. Deste processo resultavam as maçarocas. As maçarocas cresciam no fuso à medida que as mulheres fiavam.
“As rocas faziam-se em casa com madeira de freixo que é a melhor para abrir, mas os fusos compravam-se. “ Hermínio Tomé, 75 anos, Portela
9 - As maçarocas eram transformadas em meadas através do sarilho. Do processo de passagem do linho do fuso (as maçarocas) para o sarilho, faziam-se as meadas. As meadas iam a cozer com cinza e sabão para corar/branquear. Eram batidas, lavadas e depois penduradas para secar.
10 - Depois de clareado e seco, dobava-se o linho numa dobadoira para fazer os novelos. O linho estava pronto para ser trabalhado.
Novelo de Linho
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Tia Belmira na Dobadoira
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11 - Levavam-se então os novelos a uma tecedeira. No tear faziam lençóis, toalhas de mesa, colchas, entre outros.
“A lançadeira, que faz parte do tear, é semelhante a um barco e lançava-se de um lado para o outro. “ Maria Adelina, 79 anos, Portela
“Em Portela a tecedeira era a tia Belmira. Ela tecia muito bem e fazia cestos.” Maria Assunção Gonçalves, 81 anos, Portela
Tear
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Tear
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Tear
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Pentes do Tear
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Lançadeira do Tear
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colcha de linho
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Toalha de mesa de linho e renda
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Pormenor toalha de mesa de linho e renda
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Estopa e linho
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